sexta-feira, 30 de março de 2007

À nossa nova música nacional!!!

Por: Pedro G. K. V. M.

Esses dias, numa conversa de bar, rolou um básico papo sobre a nova música brasileira. E é um tanto triste pensar que não existe nada muito promissor vindo nessa nova leva nacional. A música brasileira sempre foi maravilhosa, com compositores e músicos que marcaram épocas. É fácil lembrar de cada momento da música nacional e citar grandes nomes que foram e continuam sendo marcos na nossa cultura, incluindo todos os estilos de música. Tom Jobim junto com Vínicius já estão eternizados há um longo tempo na música. Ao mesmo tempo os Mutantes sempre se mostraram inovadores numa época onde o único tipo de rock que existia aqui era a Jovem Guarda. O samba também teve seus momentos áureos com Cartola, Adoniran, Ari Barroso, Jamelão. Houve, ainda, os festivais da música brasileira, onde novos artistas puderam se opor à ditadura presente. Na década de oitenta, o rock marcando presença total no cenário, com Cazuza, Titãs, Ira, no lado mais alternativo com Ratos, Inocentes, Plebe. Uma grande mudança de cenário na década de noventa com Raimundos, Planet, Chico Science, O Rappa. (Ufa! Depois dessa breve retrospectiva eu cheguei onde queria) E agora? O que marcou a música nacional nesse novo milênio? Sei lá, já estamos em 2007 e pelo que eu me lembre, nada de muito novo surgiu por aqui. Essa década está sendo marcada por uma música pobre, sem aquela mesma ideologia ou a inovação dos anos anteriores. Nosso rock está completamente pobre! Charlie Brown, CPM, Detonautas, sem contar ainda com essa onda emo que impera na mídia. A MPB também não está lá essas coisas, tem muito artista bom fazendo sucesso lá fora, mas aqui você lembra de alguma coisa? Ao meu ver, essa falta de musicalidade fez-se subir à tona uma moda retrô, como os falshbacks das décadas de 70 e 80. Ou ainda essa moda das pessoas ficarem falando: "Ai, eu daria pro Chico Buarque!". É o ressurgimento de artistas que já tiveram a sua marca em algum momento do passado. Não estou dizendo que isso seja ruim, é até bom poder ouvir os Mutantes ao vivo, mas está faltando alguma coisa. Não sei, eu acho que eu estou meio sedento por coisas novas. Algum tipo de som que chame a atenção, e que seja original.

terça-feira, 20 de março de 2007

Ladrão de Sonhos


Por Luiz Augusto Manfré
Fantasia/Drama. 112 minutos, 1995. 1 indicação ao Independent Spirit Award

Da dupla de diretores de O fabuloso destino de Amelie Poulin, Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet, este conto de fadas nem um pouco infantil, com excelente fotografia, conta a história de um homem que privado de sonhar passa a roubar os sonhos das crianças das cidades vizinhas.
Para se entender bem a essência deste filme é necessária muita atenção aos detalhes mínimos que por vezes passam desapercebidos dentre a riqueza das imagens.
Duas outras coisas que chamam bastante a atenção neste filme são o ótimo figurino muito bem trabalhado e que, com certeza traduz, melhor do que palavras, o contexto do filme, e os excelentes efeitos especiais, que talvez fossem normais para os padrões de holliwood atuais, mas que estão presentes nesta película fracesa de 1995.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Desconforto

Por Luiz Augusto Manfré

Não aguento mais essa vida,
Não aguento mais essas pessoas,
Não aguento mais tantas coisas que nem consigo enumerar.

Por quê tudo tem que ser desse jeito?
Por quê temos que fazer tudo aos mesmos moldes?
Por quê temos que obedecer sempre as mesmas regras?
Por quê temos que fazer o que não queremos?
Porque temos que viver!

Mas que viver mais esdrúxulo!
Que viver mais insignificante!
Na verdade estamos sendo vividos,
Pois se vivessemos não fariamos o que fazemos,
Faríamos o que sonhamos!

Nós priorizamos os principios e a dignidade,
Nós priorizamos os conceitos que outros fazem,
Nós priorizamos as necessidades não tão necessárias,
Nós só não priorizamos aquilo que realmente queremos.

A liberdade fica perdida,
A verdadeira vontade fica perdida,
O amor pelas coisa fica perdido,
A vida fica perdida...

terça-feira, 13 de março de 2007

Marcha dos Pinguins


Por: Luiz Augusto Manfré
2005. Documentário, 85 minutos. Vencedor de 2 Oscar. Indicado a 3 British Academy Awards.
Premiado documentário mostra todo o caminho que os pingüins percorrem periodicamente, atrás de alimento e a fim de se reproduzir.
Dirigido e roteirizado por Luc Jaquet, jovem cineasta francês, de início parece um clássico documentário da Discovery Channel. No entanto, com o passar de alguns minutos a riqueza dos detalhes e, sobretudo, da fotografia, transbordam da tela a exata essência da qual este filme é feito.
Com a incorporação de algumas personagens por vozes humanas, este filme se tornou premiado e com certeza ganhou muito mais vida.

Regra?

Por Rodrigo Urban

-Não é possivel o senhor sentar-se aqui.
-Como? Mas qual o motivo?
-O senhor não pretende consumir nada.
O pasteleiro da praia falou tão calmamente, mas eu não concordei... inicialmente. Esperneei, falei sobre direitos, comentei que a praia era um lugar público, e eu não tinha culpa se ele colocava suas cadeiras plásticas lá. Pra mim era um local que eu poderia sentar. Foi um bate-boca intenso, mas no fim eu cedi... afinal eu não estava preparado para um confronto direto, se é que vocês me entendem.
Mas não saí de lá satisfeito. Tais regras de comportamento me deixaram pensando por muito tempo, por que só se pode usar as cadeiras da praia, as mesinhas das sorveterias, o banco da praça, se você comprar alguma coisa? Afinal de contas são lugares públicos e, se as pessoas colocam seus assentos lá deduzo que é pra usufruto da população sedenta de descanso. Não consigo entender isso, por que devemos seguir esse tipo de regra. Será que se chegar alguém doente também vão falar: -você não consumiu nada saia daqui! Não duvido, por que já aconteceu comigo. Eu estava passando mal, acho que estava com hipoglicemia. Entrei no bar e comprei uma água. Eis que, no meu desespero hipoglicemético deitei em algumas cadeiras, esperando melhorar logo. - Você não pode ficar aqui!
-Mas ele está passando mal, você não está vendo? - Meu amigo respondeu. Ele é uma pessoa um tanto mais indignada que eu.
-Então chame uma ambulância, aqui não é lugar pra essas coisas.
E olha que eu havia consumido algo!
É muita hipocrisia do ser humano, pois tenho certeza que essas pessoas se enervariam bastante, se elas estivessem do outro lado, mas tratam as pessoa como não gostariam de ser tratadas. Mas não tem problema, afinal de contas essa é uma regra de comportamento e, como tal temos que segui-la, não?

SERÁ QUE VALE A PENA?

Por: Luiz Augusto Manfré

Quem é esse ser estranho que se acha no direito de se intitular como único ser pensante e racional do universo? Quem é esse ser, que se julga superior a todos os outros? Quem é esse ser que manipula todo o meio ao qual está inserido para atingir sua satisfação pessoal? Quem é esse ser, que em alguns momentos, manipula sentimentos e acarreta em dor e tristeza? Quem é esse ser? Esse ser? É o ser humano.

Como é possível um ser, ter tanta presunção e arrogância? Na verdade, não só um ser, mas, atualmente, cerca de 6,5 bilhões de seres têm tal comportamento. Mas por que será? Seria absurdo escrever um texto desse, e ter a resposta. Pois seria o típico comportamento humano: ter a resposta exata para tudo, ser aquele que é o único detentor da verdade.

Há um poema que diz: “A verdade é bela, bela é a verdade”. Mas na verdade, o que é a verdade? Será que ela é tão bela assim? Ao que parece não. Será que essa verdade, que o ser humano possui, pode ser considerada bela? Será que sobrepujar seus semelhantes é belo? Será que condenar o futuro de seus descendentes é belo? Será que presumir que tudo gira em torno de si, esquecendo de todo o resto, é belo?

Mas, este ser humano, detentor da “única” verdade que rege o universo, ser superior a todos os outros, possui em seu maior orgulho seu maior problema. Como ele se considera, único ser pensante, se torna também único ser passível de possuir conflitos.

Esses conflitos são atribuídos à chamada consciência. È ela que lhe confere o senso crítico, é ela lhe traz a insegurança e a dúvida ao tomar atitudes, sejam elas quais forem. Porém, muitos acabam por ignora-la, transformando-a em apenas uma inquietação passageira, que será superada pela grande satisfação de ter atingido o objetivo idealizado.

Por outro lado, alguns dão atenção demais a essa tal de consciência, tentando fazer com que as coisas mudem, se negando a tomar atitudes que vão de encontro com aquilo que elas acreditam. Mas, essa atenção não dura muito, esses poucos nobres que tentar se colocar no mesmo nível de tudo ao seu redor, acabam por se corromper pelo meio, desconsiderando as conseqüências de seus atos.

Mas, afinal de contas, por que será que o meio influência tanto estes poucos nobres que ainda tentar atender aos desejos de suas consciências? Talvez as próprias consciências os levem a isso, pois será que vale a pena lutar com o propósito de mudar tudo que se pensa estar errado? Será que vale a pena, tentar mudar essa idéia de que o ser humano é o topo da escala evolutiva, e que acima dele não existe nada?Será que vale a pena, tentar trazer dignidade aos oprimidos? Será que a humanidade vale a pena? Será que vale a pena viver por ela? Na verdade, seja ela qual for, e se é que ela existe, vale a pena viver?

segunda-feira, 12 de março de 2007

Registro Obsoleto

Por Luiz Fernando

De vez em quando, alguém aqui de casa toma coragem para retirar do armário e desempoeirar as antigas caixas de sapato que guardam nossas não menos antigas fotografias. Quando isso acontece, a família toda invariavelmente se mobiliza exultante para fruir daquele momento que mescla prazer e nostalgia. Como contrapartida, porém, há aquela dose de desconfiança dos que se dão conta de que o pó que tomou conta daquelas fotos é insignificante em relação àquele que se sobrepôs à sua memória. A proeza fascinante de que o registro fotográfico é capaz é exatamente reativar tal setor de nossa memória que já havia sido sutilmente preterido em favor da avalanche de informações com que lidamos - ou com que somos impelidos a lidar - no dia-a-dia.

Até os meus 5 anos e meio, eu fui um fotólatra, por assim dizer. As fotos datadas de 1984 a 1990 parecem ter todas a mim como pretexto. Depois do advento da minha irmã, fui rebaixado de
protagonista para coadjuvante resignado, forçando a barra em busca do prestígio subtraído. Mas, como o tempo é inexorável para todos, minha irmã cresceu e deixou de ser novidade, e eu fui criando consciência social, o que resultou no meu estágio atual de repulsa ao menor indício de flash.

Comportamento anti-social à parte, é impossível deixar de considerar as implicações da fotografia digital em nosso universo sensível. Há pouco mais de uma década, selecionávamos para registro apenas os momentos que realmente nos pareciam especiais. O preço nada módico dos filmes e revelações, além da impossibilidade de avaliar instantaneamente a qualidade da foto, eram os principais empecilhos à profusão das fotografias. Em contraste, hoje, um trivial dia letivo enseja um álbum completo - ainda que geralmente restrito a mídias digitais-, com direito a sumário descarte do clique imperfeito. Tudo ficou mais fácil, mais banal e mais artifical. Minha repulsa à vulgarização da fotografia supera facilmente minha aversão ao flash. O pedaço de papel que deveria servir de muleta para a atuação da nossa castigada memória cada vez mais deixa de retratar e provocar sentimentos, os mais belos e redentores, para representar uma composição de milhares de pixels, uma mera imagem. Sintoma dos tempos atuais? Não sei, mas entre uma simples imagem material e minhas emolduradas abstrações monocromáticas repletas que sentimentos aprazíveis, eu fico com a segunda opção.

domingo, 11 de março de 2007

É tão comum...

Por Rodrigo Urban

Olhou na prateleira acima da cama, muitos CDs. Rock, rap, mpb, até mesmo música sertaneja. Apenas lixo, nada que lhe interessaria naquele momento. Estava triste, queria algo que fizesse chorar. Nunca havia havia comprado nenhum CD com músicas desse tipo. Onde estava com a cabeça! Era claro que um dia precisaria. Se conhecia melhor que ninguém, não era uma pessoa feliz, por que as músicas que escutava haviam de ser? Ilógico.
Sentou na cama, desistiu da música, não tinha muita disposição. Quis chorar de novo. Não conseguiu, mas precisava. Aquela angústia estava o remoendo por dentro, estava a desfazendo aos poucos, era dolorido demais.
Deitou-se devagar, com metade das pernas flexionadas fora da cama, a cabeça pendia no centro da cama, sem o apoio confortável de um travesseiro, não iria pegar um, não tinha forças para isso. Olhou na parede ao lado e observou na estante um antigo e empoeirado brinquedo de sua infância. Saudades daquela época. Apesar de não ter sido uma criança feliz não ter sido uma criança feliz não existiam preocuações, era tão mais fácil viver...
Porque tudo tinha que ser daquele jeito, não se conformava, não era assim que imaginava, tudo era tão triste, falso, tão fútil. Movimentava-se incessantemente de um lado para outra da cama, com tantas desilusões inundando sua mente. Não suportava mais, precisava gritar, se esforçou, abriu a boca o mais que pode, mas não emitiu som nenhum. Nem mesmo um simples e tão necessário grito era capaz de dar. Realmente era uma pessoa extremamente inútil. Atormentava-se tanto, mas não fazia nada. Por que viver? Para nada, para ficar triste pelos cantos? Não tinha em que se apoiar.
Levantou-se da cama da cama, de modo lento e preocupado. Dirigiu-se até a janela do seu quarto, décimo primeiro andar. Olhou para baixo, tantas pessoas, verdadeiros nadas, mal sabiam que elas eram tão inúteis, tão superficiais, tão ridículas...
Passou uma perna por vez pela janela, sentou-se, e sentiu a deliciosa brisa resvalando no seu rosto, isso era algo que valia a pena. As lágrimas começaram a escorrer, e caiam estranhamente suave, através dos onze altos andares do prédio cinza e triste. Finalmente conseguira chorar.
Escutou alguém bater na porta do quarto, não estava trancada, mas não respondeu. A ansiedade tomou conta de seu corpo, e a dúvida principal latejava fortemente em sua cabeça: a vida valia a pena?
A porta rangeu, estava abrindo, escutou-se um grito angustiado a quilômetros de distância, e uma barulho surdo. Mas ninguém se importou, isso era tão comum nos dias atuais...

Não é mais

Por Luiz Augusto Manfré

O que está acontecendo?
A vida já não é como era antes,
As pessoas agem com indiferença,
O mundo já não me traz felicidade

O que está acontecendo?
Os bons momentos se foram,
A alegria se perdeu,
O sentido se esgotou.

O que está acontecendo?
Quem antes era importante já não é mais,
Quem um dia me fez sorrir já se foi,
Quem me fez diferente agora me acha diferente.

O que está acontecendo?
Lugares que me fazem sorrir, me entristecem.
Paisagens que me traziam admiração agora me enojam.
Os edifícios agora tapam o sol,
Sol que já não chega às minhas retinas
Retinas cansadas de ver o que já não me satisfaz.

O que será que aconteceu?
A vida mudou,
As pessoas mudaram,
O mundo mudou,
O que aconteceu?
Só eu que não mudei...

quinta-feira, 8 de março de 2007

O anti-herói americano


Por Luiz Augusto Manfré

2003. Drama, 100 minutos. 1 indicação ao Oscar (Melhor Roteiro Adaptado), 5 indicações no Independent Spirit Award.
Esta biografia cômico-dramática conta a história de Harvey Pekar, um clássico "loser" americano que acaba por se tornar uma figura "cult" ao descrever episódios cotidianos de sua vida em histórias em quadrinhos. Paul Giamatti (Sideways) dá seu toque cômico ao amargo Harvey, enquanto Hope Davis (Lembranças de um Verão e Confissões de Schmidt) interpreta a hipocondríaca e cheia de manias Joyce Brabner.
A dupla de diretores e roteiristas, Shari Springer Berman e Robert Pulcini, faz sua obra-prima com uma maneira diferente de abordar a história, colocando o verdadeiro Harvey, com sua voz rouca, como o narrador, e resgatando imagens dos quadrinhos.

quarta-feira, 7 de março de 2007

O Labirinto do Fauno


Por: Rodrigo Urban

Espanha, década de 40. Ofélia e sua mãe, grávida, se mudam para uma região onde há resistência rebelde à ditadura fascista de Franco. Seu padrasto, um oficial fascista, tenta controlar os rebeldes. Nesse local desagradável ela encontra um labirinto, que será seu mais formidável refúgio.

Simplesmente incrível... vencedor de três oscars este filme merecia também o de melhor filme estrangeiro. A forma como se mistura realidade e fantasia, e como mostra a que a realidade pode ser mais assustadora que as criaturas fantásticas é única. A sensibilidade com que o filme é conduzido é fascinante, mostrando como o principal inimigo do fascimo personificado pelo padrasto de Ofélia pode ser a inocência e criatividade de simples criança. Com um desfecho belíssimo e poético o filme consagra o roteirista, diretor e produtor Guillermo Del Toro. Um filme para não deixar de assistir.


Ficha Técnica

Título Original: El Laberinto del Fauno

Gênero: Suspense

Tempo de Duração: 112 minutos

Ano de Lançamento (México / Espanha / EUA): 2006

Site Oficial: www.panslabyrinth.com

Estúdio: Warner Bros. Pictures / Telecinco / Estudios Piccaso / Tequila Gang / Esperanto Filmoj / OMM / Sententia EntertainmentDistribuição: Warner Bros. Pictures


Roteiro: Guillermo del Toro Produção: Álvaro Augustín, Alfonso Cuarón, Bertha Navarro, Guillermo del Toro e Frida Torresblanco



Ivana Baquero (Ofelia);Doug Jones (Fauno / Homem pálido);Sergi López (Capitão Vidal);Ariadna Gil (Carmen);Maribel Verdú (Mercedes);Álex Angulo (Médico);Roger Casamajor (Pedro);César Vea (Serrano);Federico Luppi (Casares);Manolo Solo (Garcés)

domingo, 4 de março de 2007

Pensar
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Por: Rodrigo Urban


Penso em tudo. Estava pensando, penso demais. Penso em coisas que eu fiz, coisas que deixei de fazer ou que poderia ter feito. Penso no passado, no futuro, no presente. Penso em amigos, amigos que fiz, amigos que deixei, amigos que farei. Penso em momentos, especiais, comuns. Penso em coisas de acabei de presenciar, ou em coisas de muitos anos atrás. Penso quando estou deitado, de pé ou sentado. Penso em paixões perdidas e em outras nunca conseguidas, estas são mais freqüentes. Penso demais.


Estava pensando, penso demais. Passo tempo demais pensando. Penso, muitas vezes em falar, mas não falo. Penso, muitas vezes em fazer, mas não faço. Penso, muitas vezes em ser mas não sou. Penso demais.
Estava pensando, penso demais. Perco tanto tempo pensando e não faço muita coisa. Será que faz mal pensar? Penso nisso às vezes, mas não chego a conclusões. Aliás conclusões não são o forte de quem pensa demais. Quanto mais se pensa mais dúvidas aparecem. Não é tão legal pensar. Penso demais.


Estava pensando, penso demais. Penso em não pensar mas é difícil. Penso sem querer.


Penso e penso e só penso. Penso demais.

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Réquiem para um sonho

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Por: Luiz Augusto Manfre



2000. Drama, 102 minutos. Indicado ao Oscar de melhor Atriz (Ellen Burstyn). 5 indicações no Independent Spirit Award.

Segundo definição do dicionário mais popular da língua portuguesa, réquiem quer dizer celebração fúnebre, a partir do título pode-se ter noção do teor deste filme. A sensação que se tem após assisti-lo com certeza não é a das melhores.

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Do diretor Darren Aronofsky, mesmo diretor de Pi, este filme conta a história do vínculo entre 4 personagens com seus vícios, e como isso sepulta seus sonhos. Com excelentes atuações de Jennifer Connelly (Uma mente brilhante), Jared Leto (O quarto do Pânico) e Ellen Burstyn (Quando um homem ama uma mulher), o que mais chama a atenção neste filme, com certeza, é a edição e a fotografia, que extravasam das telas as sensações dos vícios, e dão vida ao angustiante roteiro de Hubert Selby Junior.

sábado, 3 de março de 2007

Dinheiro, o grande pilar do Darwinismo social
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Por: Luiz Augusto Manfre
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Engraçado, como o comportamento das pessoas muda de acordo com as situações as quais elas são submetidas. Não se mantém um padrão de atitudes. De acordo com o meio, as pessoas se comportam de determinada maneira. E o pior de tudo é que isso que é considerado a normalidade perante os profissionais em comportamento.
Ou seja, é normal as pessoas não serem elas mesmas, e tomarem atitudes de acordo com a necessidade e não de acordo com a sua índole.

É triste pensar que na verdade as pessoas são meras marionetes da sociedade, que a cada dia faz com que elas escondam mais suas essências, deixando de lado seu verdadeiro eu. Mas isso só acontece porque o homem busca incessantemente a sobrevivência, a auto-estima e auto-satisfação, necessariamente nessa ordem, em meio a toda a concorrência à qual ele é exposto em seu dia-a-dia.

Aí caímos na questão do darwinismo social, muitos contestam a existência de tal dinâmica para a sociedade, mas o fato é que ela é real. A sobrevivência, ou melhor, a condição de satisfazer as necessidades básicas do humano, é cada dia mais difícil, e acabamos chegando, infelizmente, a um ponto onde "os mais capacitados" sobrevivem.

Esse quadro é muito visível quando olhamos as pesquisas sobre mortalidade infantil que mostram que os maiores índices são exatamente de regiões onde as condições de vida são péssimas, e a população é paupérrima. E é desta maneira que enxergarmos nossos "mais capacitados", na verdade eles são apenas os que tiveram melhores oportunidades, os que tiveram a felicidade de nascer afortunados com a maior desgraça já inventada pelo homem, o maldito dinheiro.

Pelo dinheiro o homem se esvai, se corrompe, briga, mata, sofre, dedica sua vida. E é a posse dele que determina seu status, é pela posse dele que o homem se expõe às situações mais degradantes, é por essa maldita causa que nossa sociedade é regida. E é por isso que hoje podemos dizer que a nossa sociedade se ajusta a um processo de seleção natural, onde os que possuem maiores quantidades de um papel de procedência duvidável, são os que têm maiores chances de sobreviver e dar continuidade à sua extirpe.

É desolador pensarmos que a cada dia milhares de pessoas morrem por não terem o tão cobiçado papel para comprar comida para sanar sua fome ou medicamentos para curar suas enfermidades. E imaginar que essas pessoas tinham sonhos e vontades, e imaginar suas essências dignas que não se corromperam perante à ganância da sociedade,não passaram por cima de outros semelhantes para conseguir algo, torna mais desolador ainda o quadro em que vivemos, e torna, ainda mais, a existência de cada um dos vencedores, da corrida pela sobrevivência na sociedade, muito menos nobre.
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