quinta-feira, 12 de abril de 2007

Estréia!

Por Rodrigo Urban - Tirinha de Gustavo Amano Ogata

Aqui tem início a série de tirinhas que conta algumas histórias de vestibulandos que, de tanto (ou não!) estudar estão... à beira de um ataque de nervos!


sábado, 7 de abril de 2007

A "Força" do Pensamento

Por Luiz Augusto Manfre

“Pense positivo”. “Você conseguirá”. “O pensamento pode tudo”. Essas são as frases que mais estão em pauta ultimamente. Parece que se tornou a mais nova moda para os que buscam uma filosofia de vida no mundo ocidental. Depois de termos passado por uma onda de filosofias orientais, quando estar na moda era ser budista ou xamaista, ou praticar yôga e tai chi chuan (não sei ao certo como se escreve). Agora a moda para a nossa cultura carente de filosofias que ditem uma maneira de se viver mais feliz, é a força do pensamento.
Para isso, temos que nos esforçar muito, concentrar-nos, acreditar de verdade, e as coisas que queremos acontecerão. Mas, essa não é a mesma idéia da fé? Fazer orações, pedir graças e acreditar que elas realmente acontecerão, esse costumava ser um lado da fé. E, alcançar tais graças geralmente era um fato atribuído à santos ou outras entidades. Mas de repente, o homem passou a ser o grande responsável por isso. Agora o grande poder do universo está concentrado dentro da caixa craniana de um primata de tele-encéfalo altamente desenvolvido e polegares opositores (referencia ao célebre curta ilha das flores).
Parece que finalmente o antropocentrismo atingiu seu ápice. Sem querer defender o teocentrismo, e consequentemente ser retrógrado, mas será que somos assim tão poderosos a ponto de podermos tudo o que queremos? Será que o homem é realmente o ser mais evoluído do universo? E será que somos os únicos seres que pensam e têm o poder de levar a cabo aquilo que passa por nossas mentes? Isso não é prepotência demais?
Existem até mesmo cursos para se treinar o cérebro e o pensamento. E os céticos não têm muitas chances nesses lugares, pois, esses têm muitos questionamentos e controvérsias em suas mentes, o que não lhes permite ter certeza de que conseguirão alguma coisa com a força de seus pensamentos. Ou seja, precisamos ser pessoas pragmáticas, pessoas que não rompem paradigmas, e não possuem conflitos para alcançarmos nossos desejos. Mas, o conflito não seria uma coisa inerente, ou melhor dizendo, não seria o próprio pensamento? O fato de não criarmos conflitos, nos traz a uma verdade única e absoluta, será que esse é o grande mistério dessa filosofia?
O sucesso absurdo que o livro “O Segredo”, que ensina maneiras de se conseguir as coisas com a força do pensamento, está fazendo nos EUA – tudo bem, não quer dizer muita coisa – é apenas mais uma mostra da amplitude que está tomando essa “filosofia”. O mais incrível é que essa teoria possui até mesmo uma fundamentação teórica, a física quântica (é um nome que sempre impõe respeito, mas ultimamente começo a duvidar da credibilidade desse ramo da ciência) explica, com teorias mirabolantes, como o pensamento tem força real. Isso pode ser visto no documentário “Quem somos nós?”.
Mas, ainda bem que existe a psicologia (essa é mais abstrata que tudo, mas ao menos responde as coisas de maneira coerente). Para alguns psicólogos, a explicação da força do pensamento está nele mesmo, segundo eles quando acreditamos que algo vai dar certo ou errado, nossas mentes começam a pensar de maneira mais ampla, criando um leque maior de possibilidades, o que facilidade o desfecho pretendido.
Bom, seja qual for a explicação pra isso tudo, talvez o pensamento tenha realmente uma força absurda, que nunca chegaremos a saber o seu tamanho, pois, segundo estudos, usamos apenas uma pequena parcela de nossas capacidades cerebrais. Mas, afinal de contas, fazendo uso do título do filme acima citado, quem somos nós para poder tanto?

segunda-feira, 2 de abril de 2007

O novo rock

Por LFH

Diante das circunstâncias, sinto-me compelido a protagonizar a primeira discordância de opiniões entre nossos articulistas - tá bom, é muita pretensão a minha reinvidicar esse título - na curta vida deste blog. O meu pensamento é basicamente o oposto do expresso no texto anterior. O rock brasileiro atravessa atualmente ótimo momento. Naturalmente, não me refiro ao rock explorado pelas grandes emissoras de rádio e TV, aquele destinado à massa e merecedor jabás e intensa divulgação. O rock mainstream está no limbo já faz um bom tempo e, para falar a verdade, ele cavou a lentamente a sua própria cova. O pivô desta decadência é a Internet, com seus infindáveis mecanismos democratizantes que libertam o amante da música da dependência das FMs - leia-se Myspace, Tramavirtual, Pandora, Allmusic e congêneres. Aos mais incautos, essa alegada democratização e facilidade de acesso talvez pareça uma sustentação paradoxa e elitista demais, principalmente se levarmos em consideração que uma ínfima parcela da população brasileira tem acesso à Web. No entanto, veja bem, estamos falando de rock. Salvo raríssimas exceções, o público brasileiro consumidor deste gênero não é exatamente o que se pode chamar de pé-rapado.

Por sua parcela de contribuição para a subversão das regras do mercado musical, posso dizer sem hesitar que o maior legado de bandas gringas como Strokes e, mais recentemente, Arctic
Monkeys, não são suas boas e energéticas canções, mas sim o espaço aberto e a esperança dada a outros grupos que têm a rede como principal forma de divulgação de suas músicas. Em terras tupiniquins, temos a nossa própria versão do grupo que trilha o caminho inverso do tradicional e estoura antes na Internet para depois cair nas graças das gravadoras, o Cansei de Ser Sexy. Apesar da evidente escrotice e excentricidade das garotas, é difícil negar que elas representam um fenômeno sem precedentes na história da música brasileira.

Seguindo uma tendência internacional, portanto, a atual cena do rock nacional está se consolidando por debaixo dos panos, bem longe dos ardilosos holofotes da grande mídia. O cenário underground impressiona pela organização. Fique bem claro que o termo underground aqui remete apenas ao que é feito à margem do mercado, não guardando relação alguma com a recorrente idéia de tosco e subproduzido. Festivais consagrados, tais com o MADA (Natal), Bananada (Goiânia) e Abril Pro Rock (Recife) dão suporte às bandas independentes, além de deixarem claro que o rock brasileiro não se limita a Brasilia e ao eixo Rio-São Paulo. Se a Internet facilitou o trabalho de divulgação do músico, os avanços tecnológicos no ramo da gravação permitem que qualquer artista registre seu álbum por um preço satisfatório e, o melhor de tudo, com uma boa qualidade. Aquele que não se contenta apenas com distribuição virtual do seu trabalho pode contatar um entre os inúmeros selos independentes disponíveis.

A despeito de tudo o que foi enumerado, pode-se argumentar que a cena independente ainda carece daquela tão almejada originalidade capaz de instigar o ouvinte, influenciar outros artistas e ditar novos rumos. O problema é que o rock nacional nunca, em toda sua história, primou por ser original. Como casos à parte, cito os Mutantes, banda de reputação internacional e inspiradora de artistas célebres como Beck e Sean Lennon; Ronnie Von, para o pasmo da maioria, o tiozão que hoje banca a dona de casa foi responsável por álbuns vanguardistas de pop barroco; os Secos e Molhados, precursores no rock progressivo brazuca; e Chico Science e sua Nação Zumbi, por sua personalíssima fusão de rock e ritmos regionais. Fora essas honrosas exceções, o que se fez aqui foi um arremedo do que se fazia lá fora. Nos anos 60, tínhamos nosso pastiche de Beatles fase 63-65, a famigerada Jovem Guarda. Na década de 80, predominava, sempre com pelo menos 5 anos de atraso, uma cópia inescrupulosa do Punk, do Pós-Punk e da New Wave. O IRA! era claramente influenciado pelo Clash; Dado Villa-Lobos tentava copiar Johnny Marr, e seu coleguinha Renato Russo imitava até os trejeitos de Morrissey; os Paralamas eram confessamente inspirados no Police. Havia também os gaúchos do Nenhum de Nós, cujo maior sucesso foi uma versão para Starman, de David Bowie. Não ser original não é, no meu ponto de vista, um demérito. O trunfo de nossas bandas de rock foi tornar palatável em português um gênero musical concebido originalmente em inglês. Alguém aí imagina um samba cantado em inglês? A ilustração é bizarra, mas a partir dela podemos aferir a ingrata tarefa dos que se metem a cantar rock em português. Muitas bandas, por convicção estética ou por pressão do mercado, mudaram de planos no transcorrer da carreira e resolveram encarar o desafio. Moptop, Gram, Ludov e Violins, só para ficar em alguns nomes, começaram cantando em inglês.

Bem, depois de tanto blablablá, o que afinal tem sido feito de bom? Não posso deixar de citar o Supercordas, que mistura elementos rurais ao pop etéreo praticado pelos Beach Boys em Pet Sounds. Também temos as crônicas metropolitanas do Terminal Guadalupe e o power pop adocicado do ímpar, que rendeu a distribuição do primeiro EP da banda pela maior gravadora americana Not Lame. Isso sem falar na banda Polar e suas composições melodiosas que devem agradar aos fãs de Coldplay.

Antes que me acusem de complexo de indie, conferindo atenção apenas ao que é deconhecido, digo que mesmo no restrito meio mainstream há bons trabalhos sendo realizados. Os Los Hermanos conseguiram superar o estigma de Anna Julia e firmaram uma carreira sólida, conciliando sucesso de público e crítica. Menos aclamados, Fernanda Takai e John Ulhoa vêm dando prosseguimento à viagem do Pato Fu em busca do pop perfeito. O Skank abriu mão das influências jamaicanas e não fez feio quando resolveu rezar pela cartilha dos Beatles (uma boa troca, não?). Quem se lembra do Cogumelo Plutão do hit Esperando na Janela? Depois do fim da banda, alguns de seus músicos se uniram ao vocalista Caio Márcio e, sob o nome de Crase, produziram um álbum calcado no britpop. Lançado por uma major, o trabalho foi pouco divulgado, mas suas canções de apelo pop acentuado descem redondo.

Terminal Guadalupe - Lorena foi Embora
Polar - Lua Nova

Supercordas - Ruradélica
ímpar - Eu Juro