domingo, 28 de setembro de 2008

O que quer dizer essa música?

Por Rodrigo Urban

Incrível como o sentido de músicas mudam conforme seu humor, ou quando acontecem coisas inesperdas em sua vida. Hoje ele entende a música de um jeito, amanha de outro, ontem de outra forma!
E quando tentamos descobrir o que o autor quis descobrir nos surpreendemos e muitas vezes náo concordamos! Pô, ele falou que é isso mas tenho certeza que ele quis dizer aquilo que eu pensei!
Ficou perdido caro leitor? Basta dizer entao que o sentido da letra de uma música é uma das coisas mais subjetivas do mundo...
Como exemplo coloco duas músicas nos próximos tópicos e deixo as interpretaçoes por sua conta (e risco)...

Seria o Rolex?

Móveis Coloniais de Acaju

Composição: Leonardo Bursztyn

Minha doce dor se esconde
Por trás de um sorriso
Comprado, corrompido
Feliz fingido

Penso, dispenso explicações
Não controlo meu super-ego
Impossível entender minha tristeza
Já desisti não existe porquê
Sou apenas mais um alegre deprê

Busquei em vão
Identificar
Motivos para não
Querer te guardar

Copacabana


Móveis Coloniais de Acaju

Composição: Leonardo Bursztyn

Por você aprenderia
Esperanto e traria
Gorbatchev para uma série de palestras
Na casa da minha tia
Onde todos beberíamos chá
Na cada da minha tia
Fofocando sobre a Perestroika

Por você escreveria
Um livro sobre o insólito
Um almanaque simples, óbvio
Guia completo do amor
Uma enciclopédia do utópico
Um dicionário do amor

E em cada verbete
Um singelo lembrete:
“Em sua companhia quero estar”
Quero te ver de corpete
Te guiar num Corvette
E seguir sem destino pra chegar

Minha intuição não me engana
Você faz-me ser tão Copacabana
E o inferno lembrar
Fim de semana

Por você a Babilônia
Seria ali na esquina
E o Mar Mediterrâneo, uma mísera piscina
Cercada de cerca vivaI
solando nosso condomínio
Cercada e bem protegida
Pros Paparazzi não poderem olhar

Por você lecionaria
Iôga, Tai-Chi, terapia
Se a fizesse feliz e distendida
Buscaria em shopping centers
O elixir do Marajá
Comeria perdiz e ananás
Se estivesse prestes a te beijar

E em cada verbete
Um singelo lembrete:
“Em sua companhia quero estar”
Quero te ver de corpete
Te guiar num Corvette
E seguir sem destino pra chegar

Minha intuição não me engana
Você faz-me ser tão Copacabana
E o inferno lembrar
Fim de semana

O que quer dizer essa música?

Por Rodrigo Urban

Incrível como o sentido de músicas mudam conforme seu humor, ou quando acontecem coisas inesperdas em sua vida.
Hoje ele entende a música de um jeito, amanha de outro, ontem de outra forma!
E quando tentamos descobrir o que o autor quis descobrir nos surpreendemos e muitas vezes náo concordamos! Pô, ele falou que é isso mas tenho certeza que ele quis dizer aquilo que eu pensei!
Ficou perdido caro leitor? Basta dizer entao que o sentido da letra de uma música é uma das coisas mais subjetivas do mundo...
Como exemplo coloco duas músicas nos próximos tópicos e deixo as interpretaçoes por sua conta (e risco)...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Passeio noturno naquele lugar

Por Rodrigo Urban

O tremular da bandeira.
O andarilho calmo, solitário.
O som do jato d´água.
O surdo som de meus passos.
A calma atormentadora,
Estranha.
O vento gelado em meu rosto
A quietude do que se movimenta...
De dia.
Estrelas no céu a me observar.
O silêncio gritando,
Chamando,
Pedindo...
Para fazer-lhe companhia.
A beleza da ausência fria
Contemplando aquele alto lugar
A calma onde ela não existe.
Como é bela, a solidão.
Como é triste, a solidão.
Como é comum, a solidão...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O Direito ao Palavrão

Texto de Luís Fernando Veríssimo

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.

"Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas Pra caralho, o Sol é quente Pra caralho, o universo é antigo Pra caralho, eu gosto de cerveja Pra caralho, entende?

No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não" o substituem. "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a gravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma! . O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepne", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma.

Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o- pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba... Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o- pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cú!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cú!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cú!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!". Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda- se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!.

Grosseiro, mas profundo... Pois se a língua é viva, inculta, bela e mal-criada, nem o Prof. Pasquale explicaria melhor. "Nem fodendo..."